quarta-feira, 25 de junho de 2014

O Homem e a Mulher Contemporâneos


Dia desses li o texto da Ruth Manus  - “A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo que um homem NÃO quer”.

Li, reli e concordei com alguns pontos e discordei de outros.

Sou dessas mulheres que sai cedo de casa, trabalha, fiz faculdade, pós-graduação e ainda sim tenho filhos e marido.

Não acredito que a mulher perfeita de hoje seja aquela que trabalha e estuda muito (e prioriza apenas isso), usa saltos todos os dias. Porque isso me soa como uma opinião taxativa que uma mulher sucedida é essa bem vestida, que anda de terninho, salto alto e mal tem tempo para ser ela mesma. Parece até redundante.

Ser independente vai muito além de ter dinheiro, morar sozinha e conseguir pagar as contas. Já passei por isso e digo com toda a certeza de que ser independente é não depender de nada. Não sofrer de carência emocional, não se preocupar com a opinião alheia, estar satisfeita com o simples fato de que ás vezes a solidão é a melhor companhia.

Hoje vejo relatos de mulheres solteiras, aos 30 anos, incomodadas pelo fato de ter um emprego, um bom salário, serem bonitas e independentes e ainda sim estarem sozinhas. Pois é. Isso talvez não seja reflexo da educação errada dos homens, apenas.

O fato é que nós mulheres ocupamos cargos altos nos dias de hoje. Saímos de casa. Não somos mais domesticadas a sermos domésticas. Mas nos esqueceram de nos ensinar o nosso valor.

Temos tudo isso e ainda sim, achamos que ser gostosa, sarada e dormir com qualquer um sem correr o risco de engravidar por tantos meios contraceptivos existentes nos torna um tanto igual aos machos. Digo machos e não homens.

No mundo contemporâneo, da cultura TRIBALISTA, achamos um fato incrível “ser de todo mundo e não ser de ninguém”. E estamos todos ai. Homens e mulheres perguntando-se do por que estão sozinhos, solteiros (estar namorando virou status civil). Gostamos da liberdade que nos prende. A liberdade de poder beber, fazer o que quiser e nem sequer nos dar conta de que isso não é liberdade coisa alguma.

Eu acho incrível a independência. Sei fazer arroz, feijão, pratos simples, sofisticados e sobremesa. E não me incomodo com isso. Também sei lavar roupa, passar roupa e limpar a casa. Não me sinto diminuída por saber. Posso pagar alguém para fazer tudo isso por mim. Mas se não soubesse fazer, como seria independente na época das vacas magras? Ficaria sem comer, sem ter roupa limpa? 

Não isso não é tarefa só da mulher. Aliás, sou mãe de dois meninos. Um deles chegando agora na adolescência, cuida do seu quarto, da arrumação de sua cama, de algumas tarefas domésticas e irá aprender a cozinhar. Porque ele não terá a mamãe a vida toda fazendo por ele. Ele precisa aprender a se virar.

Em casa todos cuidam do lar. Somos uma equipe, uma família, temos um mesmo objetivo.
Ninguém dita regras, definimos as regras juntos.

Queremos um homem que entenda uma mulher com um currículo extenso. Mas somos tão complexas ao cobrar isso. Ao mesmo tempo, queremos homens gentis, que mandem flores e sejam românticos. Não temos paciência para ouvi-los falar sobre a “bolha imobiliária”.

Me irrita ficar ouvindo falar de dinheiro o tempo todo. Dessa necessidade de ser um status ambulante postando fotos de viagens, de baladas, de ser bem relacionada sem ter ninguém.

Será que nós mulheres estamos preparadas para o que nos tornamos?

Queremos ter um homem do lado para dividir a vida. Mas não queremos nem ao menos ter tempo para cuidar um do outro. 

Sou a favor de que enquanto um prepara o jantar o outro lava a louça. Não há nada mais gratificante do que um jantar em família, uma conversa boa e um vinho chileno.
Essa modernidade nos tornou feministas. 

Eu que me achava moderna por ter me casado cedo, separado ainda aos 21 anos de idade, ter morado sozinha, trabalhar, estudar, pós-graduar, casar de novo. Não sabia que era desnecessário ainda sim, ter minha parte feminina e delicada.

Cuidar da saúde, caminhar. Fazer exercício nos dará vida longa. O corpo em forma é apenas uma consequência disso. Não sou objeto para parecer uma vitrine ambulante.
Tenho hábito de ler, de ouvir música, de apreciar a cultura.

Mas nada disso me impediu de ter uma família, filhos e um marido.

A modernidade aqui anda confundindo a cabeça das pessoas. Posso ser moderna sem que isso me torne alienada nos padrões feministas ou machistas. 
Sem que tudo me incomode e me leve à depressão ou uma terapia intensiva a ponto de achar o meu próprio eu, perdida em tantas cobranças feitas por mim, pelos outros e por uma sociedade que nem ao menos sabemos qual é.

Se quisermos ter uma família, devemos ao menos saber como iniciar uma.
Sem que isso seja terceirizado.

Que saibamos cuidar dos filhos, do marido, da esposa. Sem achar que isso é perda de tempo.

Acho que não sou tão moderna quanto pensava.

Quero ser o que tenho vontade. E não o que esperam de mim.

Afinal isso não é ser independente?
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Poxa! Muito legal!

    É a visão da mulher livre que não deixou de aprender nada. Aprendeu os talentos dos dois "territórios".

    Editei minha postagem, e incluí a sua ao final, nas referências. ^^


    Abraço!

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